A jornalista Maria Luiza Borges Lins e Silva, com 35 anos de experiência e com papel de liderança na transformação digital do Sistema Jornal do Commercio de Recife e atualmente consultora de transformação digital do Grupo Norte de Comunicação e mentora do Google News Initiative (GNI), trouxe na tarde desta terça-feira, dia 30, importantes dicas e estratégias para empresários do setor de comunicação, acerca da pauta ‘Como organizações regionais de mídia podem navegar e prosperar em tempos turbulentos?’.
Em uma de suas explanações, a jornalista destacou que não acredita em previsões ligadas ao fim dos jornais impressos, devido a fidelidade do público, cultura de folhar o jornal e de “sentir o cheiro do papel”. Entretanto, entende que a mídia impressa será cada vez mais segmentada a um público específico e tende a aumentar o seu custo em função deste aspecto. Maria Luiza ressaltou ainda que: “Não ser digital, não é mais uma opção”. Em meio a este cenário, destacou algumas estratégias para otimizar os meios digitais dos veículos de comunicação e para se fazer uma relação entre impresso-digital.
A reunião online através do Google Meet foi proporcionada de forma exclusiva pelo Sindijore RS – Sindicato das Empresas de Jornais e Revistas do Estado do Rio Grande do Sul a seus associados. Preocupada com o papel de levar cada mais ferramentas que gerem conhecimento e instiguem o debate acerca de importantes pautas as quais o setor midiático está inserido, a entidade trouxe aos seus associados um importante cenário acerca da revolução digital dentro da indústria jornalística e algumas tendências e estratégias para alavancar o segmento, de forma que os empresários / associados participantes, possam implementá-las no dia a dia de seus jornais.
A pauta em foco foi Mídia Digital Regional: Modelos de Negócio e Transformação Digital. Entre as diferentes estratégias e modelos de negócio para o meio digital, Maria Luiza citou:
1- Volume: conteúdos em grande quantidade, menos segmentados, facilitando o apoio da IA (Inteligência Artificial), buscando mais cliques e publicidade, porém com a receita incerta;
2- Projetos de jornadas através de conteúdos para marcas: foco em um conteúdo segmentado sobre determinada marca, que agregue valor para o público leitor e que o impacte através de informação, sem realizar uma propaganda direta. Para este processo, é necessário que veículos de comunicação engajem suas equipes de jornalismo em torno do aspecto comercial e também tenham entendimento que produzir conteúdo para uma marca que está com a imagem negativa no mercado, também pode prejudicar a reputação do jornal em si;
3- Eventos: presença e cobertura de eventos no meio digital utilizando a técnica de cauda longa, isto é, gerar interesse do público com lives, vídeos e storys e posteriormente dar sequência a cobertura com uma matéria mais aprofundada, fazendo com que o público siga com cliques dentro do site e mantenha a sua jornada;
4- Receita do leitor (membros assinantes e filiações; consiste em gerar e reter assinantes através de conteúdo que engaje e gere curiosidade ao público. Grandes meios de comunicação têm apostado em conteúdos que vão além de notícias: culinária, games, carros, entre outros assuntos, voltados a um público nichado e específico. Outra estratégia utilizada por muitos veículos é afirmar um posicionamento político-ideológico claro, para trazer assinantes que se identifiquem com tais ideologias e queiram ler tais posicionamentos. Estar atento a comentários, mensagens de ouvintes, ouvir feedbacks e então, aplicar correções de rumo, também são ações de suma importância por parte de líderes editoriais.
Em algumas de suas explanações, a jornalista Maria Luiza Borges destacou ainda:
“Todos querem entender como a mídia digital pode ser sustentável. Não acredito na extinção total do impresso, mas sim vai se tornar mais nichado e consequentemente um produto mais caro. Ter uma equipe multigeracional é de extrema importância. Pessoas com 20, 30 anos de experiência no mercado, tem uma maior bagagem emocional, mas podem não ter o mesmo conhecimento em mídias digitas que jovens da Geração Z. Essa troca de experiências é de grande valia. Outro ponto é que não se faz jornalismo digital sem análise contínua de dados e métricas de engajamento.”, pontou.
A jornalista ressaltou também a importância de instigar um processo criativo de recrutamento de equipes. Ao invés das pragmáticas entrevistas de emprego, os gestores devem instigar os candidatos a realizarem testes e submetê-los a desafios, que envolvam a resolução de um problema dentro da rotina de produção jornalística.
A reunião teve a participação de mais de 30 representantes de empresas associadas ao Sindijore RS, do presidente da entidade André Luís Jungblut e do secretário Marcos Praia. Ao final do encontro, Maria Luiza agradeceu a todos os presentes e avaliou como positiva a oportunidade de abordar as pautas mencionadas. Também foi aberto espaço para perguntas. Se você, associado, perdeu a reunião, um e-mail com o link está sendo enviado.
Matéria- Gabriel Pfeifer – Assessoria de Comunicação Sindijore RS
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